O presidente do Supremo, durante o julgamento dos recursos do mensalão:
“As pessoas não querem ficar passivas durante os arranjos da elite” Jorge William/12-6-2013
RIO - O "New York Times" publicou neste sábado um perfil do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa. Ao jornal americano, o ministro diz que seu temperamento "não se adapta bem à política" e, em referência às eleições presidenciais de 2014, completa: "Não sou candidato a nada".
As recorrentes discussões na Corte entre Barbosa e outros ministros foram destacadas pela reportagem do correspondente Simon Romero, que citou polêmicas dos últimos anos. "Eu falo muito o que penso", disse o ministro do STF para explicar por que não se adaptaria à vida política.
O perfil aborda a atuação do ministro durante o julgamento do mensalão e sua "falta de tato", que representa, segundo o NYT, a força por trás de uma série de decisões socialmente liberais, objeto de "fascínio popular". São citadas ainda as recentes discussões entre Barbosa e o ministro Ricardo Lewandowski, na fase de recursos do julgamento, . Na entrevista, Barbosa disse que alguma tensão é necessária para a Corte funcionar corretamente. "Sempre foi assim", disse o presidente do STF.
O não pedido de desculpas por ter dito que Lewandowski estaria fazendo "chicana" para atrasar as decisões finais também faz parte do perfil.
Ao falar das manifestações que tomaram as ruas do Brasil em junho, Barbosa criticou a violência de alguns manifestantes, mas disse acreditar que o movimento é sinal da "exuberância da democracia". "As pessoas não querem ficar passivas diante dos arranjos da elite".
A exposição também traz problemas e o deixa em posição "defensiva", diz o texto, que cita reportagens sobre o apartamento comprado por Barbosa em Miami (por meio de uma empresa aberta supostamente para pagar menos impostos) e benefícios atrasados recebidos do Ministério Público Federal.
O correspondente do NYT escreve também sobre a infância em Paracatu (MG) e a trajetória profissional, desde sua entrada na universidade contra "todas as expectativas". "Era o único estudante negro no curso da época", diz o texto.
A popularidade do presidente do Supremo aparece até nas máscaras vendidas durante o carnaval, ressalta o correspondente. Durante os protestos de junho, a reportagem lembra que o nome do ministro foi apontado por manifestantes como uma das principais opções de candidato a presidente da República. Atuações em casos polêmicos dão prova de sua influência no Judiciário, informa a reportagem.
Fora a relatoria do julgamento da ação penal do mensalão, o trabalho pela efetiva legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo no país é um exemplo apontado pelo “New York Times”.
Fonte/O Globo
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