Coronel R/R PMMA Carlos Augusto Furtado Moreira
Durante a nossa existência, vivenciamos e/ou chegam ao nosso conhecimento fatos e cenas importantes que marcam momentos e às vezes épocas; mas que ficam para trás e às vezes se perdem no tempo.
Nem sempre há os devidos resgates desses momentos preciosos e que por vicissitudes variadas, acabam caindo no esquecimento. Nesse contexto, pessoas, seus feitos e suas habilidades, em contextos pessoais e institucionais marcam relações de vida e de trabalho, e, por falta de oportunidades são fadadas ao esquecimento.
Assim, um olhar para o passado, permite-nos entender o que somos e a marca que deixaremos para as gerações futuras, num processo de imortalidade pessoal e de nossa produção. Na minha infância comecei a dar os primeiros passos na vida literária, escrevendo acrósticos e poemas com os quais, encantava as donzelas com as quais pretendia enamorar.
No prelúdio do ano de 1981, após ser aprovado no Curso de Formação de Sargentos da Polícia Militar do Maranhão, durante o período formativo, aproveitando o lançamento de um concurso interno no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), compus a sua Canção que é entoada em solenidades e nos períodos em que são realizados os cursos de formação e aperfeiçoamento, saindo vitorioso entre dois outros postulantes e após quase 37 anos, a sua difusão continua brilhando em todos os rincões maranhenses, pois não é raro ouvir um policial militar que frequentou o “CFAP QUERIDO”, entoando-a.
Em 1985, após ser aprovado no concurso para o Curso de Formação de Oficiais e incumbido em bem representar a Polícia Militar do Maranhão no Estado de Minas Gerais, para aquele rincão fui deslocado, onde à época despontava como uma das mais conceituadas escolas de formação de oficiais do país.
A medida que a minha ambientação em plagas mineiras, foi se evidenciando, tornou-se possível a percepção do desenvolvimento doutrinário existente naquela Corporação, fruto principalmente dos estudos relacionados aos problemas na área da segurança pública e a sua constante busca das soluções.
A produção de obras técnicas e de outros ramos literários desenvolvidos por policiais militares daquela organização policial militar, especializados em assuntos diversos, era a tônica e os estimulava em busca dos destaques, vez que, após terem suas obras reconhecidas e consideradas de cunho técnico-profissional ou literário, passavam a usufruir da divulgação institucional vez que ultrapassava os muros dos quartéis mineiros, para ganharem o Brasil e o mundo, além das alavancadas possibilidades em suas promoções, pois, a pontuação recebida, aumentava significamente as chances de promoção pelo critério de merecimento. Neste viés, uma inquietude começou a povoar o meu imaginário: quando a Polícia Militar do Maranhão poderia alcançar tal nível de profissionalismo?
Naquele “Templo de Saber e de Cultura” – Academia de Polícia Militar de Minas Gerais (APMMG), ousei, dar os meus segundos passos, desta vez, no campo das letras, ao editar e chefiar a confecção da Revista comemorativa dos Aspirantes 1987 da Academia de Polícia Militar de Minas Gerais, um grande feito para um “estrangeiro”, como denominavam aos oriundos de outras unidades federativas, à época; pois, o desenvolvimento de atividades estranhas ao processo específico ensino x aprendizagem para garantir a difícil aprovação, não era muito simpática aos responsáveis pela administração militar. Sem deixar que os óbices me impedissem à vontade, palmilhei e venci todas as adversidades, tornando-a realidade dias antes da tão esperada Declaração de Aspirantes.
Ao retornar à São Luís - Ilha do Amor e em plena atividade administrativa-operacional já como Aspirante-À-Oficial PM, percebi que eram raríssimos os policiais e bombeiros militares que se lançavam a esse tipo de empreitada – ciências, letras e artes – e assim foi ao longo dessas mais de três décadas.
Destarte, essa ausência de expoentes, sempre foi um obstáculo, para a criação de uma associação de cunho científico-literário-artístico, oriunda essencialmente das hostes milicianas maranhenses, o que fez com que o sonho ao longo dos tempos, adormecesse em berço esplêndido.
Com o passar dos anos, continuei a colocar no papel através de artigos, as minhas ideias e posições, ora, hospedando em um blog criado para tal – celfurtado.blogspot.com – ora em revistas, matutinos e em sites. Mas, foi na reserva remunerada que a iluminação alvoreceu e a criação de uma entidade que pudesse florescer o campo fértil das ciências, letras e artes, aglutinando valores individuais existentes nas instituições militares estaduais do Maranhão e aqueles (as) que com elas possuíam estreitas ligações.
E é nesse contexto que os nossos policiais e bombeiros militares do Estado do Maranhão, autênticos e importantes valores, dotados de habilidades nas ciências, letras e artes são convidados a fazer parte desse gigantesco passo cultural na criação da ACADEMIA MARANHENSE DE CIÊNCIAS, LETRAS E ARTES MILITARES – AMCLAM, cuja entidade englobará as suas versáteis habilidades.
Veio-me a lume, os escritos e obras importantes dos Coronéis Manoel de Jesus Moreira Bastos, Teodomiro de Jesus Diniz Moraes, William Romão, Comandantes Gerais da PMMA que tanto direcionaram e continuam a apontar para melhorias institucionais.
As experiências e valores positivos, repassados as posteriores gerações pelo Cel João Cipriano Soares do Nascimento, primeiro oficial formado em uma Academia de Polícia Militar.
A posição equilibrada do atual Comandante Geral, Cel Jorge Allen Guerra Luongo que em sua jovial carreira, chegou ao apogeu da instituição policial militar maranhense.
Nos escritos dos oficiais Francisco Sousa, Alistelman Mendes Dias e Sebastião Bispo Lopes, o resgate histórico da PMMA e do município maranhense de Bequimão.
Na composição do Cel Nestor Renaldo Conceição Filho, o fortalecimento dos umbrais do saber de nossa Academia de Polícia Militar Gonçalves Dias.
Na cientificidade técnica produtiva dos jovens oficiais Antônio Roberto dos Santos Júnior, Carlos Frank Pinheiro de Oliveira, Wermeson Pinheiro Barbosa e Aparecida Fernanda A. Pinto Veloso, mestres universitários direcionados pelos expoentes César Henrique Santos Pires, e pelos doutores Raimundo Gomes Meireles e José Arnodson Coêlho S. Campelo, na tão necessária caminhada rumo aos avanços futuros das corporações militares estaduais do Maranhão.
No dicionário cataglótico do Cel Wilmar Maciel Mendes, o engrandecimento da cultura escrita e pouco usual.
Nas pinturas técnicas e artísticas do Ten Cel José Ribamar Araújo Vilas Boas, dos capitães Manoel Lobato e Carlos Henrique Soares da Silva, Ten Afonso Celso Nascimento e Sgt Gilmar Vale Frazão que ao longo de suas contributivas carreiras embelezaram de artes, nossos quartéis.
Na organização legislacional do Ten Cel James Ribeiro Silva, a orientação à vida jurídico-administrativa das corporações.
Na suavidade musical dos Sargentos Elmo Costa Mendonça e Josué Pereira Soeiro, que tornam pomposas as nossas solenidades e momentos de lazer.
Assim está iluminado o campo fértil das ciências, das letras e das artes, para trazer ao nosso convívio acadêmico e imortal, companheiros de caserna que nos emprestaram seus saberes, conhecimentos e habilidades.
Neste contexto, também, recordei-me dos amigos institucionais que vem nos brindando e continuam a nos enriquecer com as suas amizades, eternizando os nossos laços fraternos de carinho e respeito mútuos, através da docência, em salas de aulas, em importantes palestras e em orientações técnicas, como os magistrados Alberto Tavares e Alexandre Fuad Amate, o desembargador Vicente de Paula Gomes de Castro, os professores Raimundo Teixeira de Araújo, Marialva Mont’Alverne Frota, Vera Lúcia Bezerra Santos, José Olímpio da Silva Castro, os delegados de polícia civil Jefferson Miller Portela e Silva e Sebastião Uchôa e do poeta Pedro Ivo de Carvalho Viana.
A minha deferência a todas essas personalidades é dimensionalmente inexplicável e os seus aceites a esse grande desafio me deixaria extremamente honrado, porque juntos poderíamos enaltecer a titulação de São Luís como a eterna “Athenas Brasileira”, patrimônio cultural da humanidade e a efetivação do Maranhão, como indiscutível berço natal de grandes nomes da literatura e da arte brasileira.
A ACADEMIA MARANHENSE DE CIÊNCIAS, LETRAS E ARTES MILITARES – AMCLAM será a terceira do país, a ser criada, integrando policiais e bombeiros militares das corporações estaduais militares, entretanto, nasce pujante e objetivamente em busca de:
I – Estimular, reconhecer, fomentar e valorizar a literatura e as artes em todos os níveis;
II – Incentivar e motivar os militares estaduais na produção de obras técnicas-profissionais, literárias e artísticas;
III – Desenvolver o viés literário e artístico em todos os gêneros;
IV – Resgatar e ampliar a história das Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militares do Maranhão;
V – Defender e perpetuar as tradições militares, maranhenses e brasileiras;
VI – Cultuar o vernáculo, a literatura e a arte nacional;
VII – Promover parcerias constantes e fraternas com as instituições e sodalícios da literatura e da arte;
VIII – Intercambiar com centros de atividades culturais brasileiros e internacionais;
Tendo como princípios:
I - O fomento aos interesses culturais;
II - O respeito aos direitos humanos;
III - O repúdio aos preconceitos e discriminações de qualquer natureza;
IV - A legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade, a economicidade e a eficiência; e
V - O respeito à Constituição Federal Brasileira, unidade e soberania do Brasil.
A todos que se sensibilizaram com a ideia, o primeiro passo já foi dado com a Reunião Preparatória e de Alinhamento ocorrida no dia 25/05/2018; estamos avançando e no próximo dia 05/06/2018 em Assembleia Geral criaremos formalmente a entidade para que no dia 20/06/2018, solenemente instalemos a AMCLAM e tomem posse, os futuros imortais.
Carlos Augusto Furtado
Moreira
Protagonizador da AMCLAM
99152 6747 - 988264528