Dino age para atrair apoio de evangélicos
Governador Flávio Dino ao Lado de Capelães militares
SÃO LUÍS - De olho nos votos dos evangélicos, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), tem estreitado as relações com os grupos religiosos do Estado. Nos últimos meses, Dino aumentou de 14 para 50 o número de capelães contratados pelo governo estadual. A maioria dos novos cargos foi entregue a líderes evangélicos, alguns deles filiados a partidos da base de Dino.
Além
disso, o governador deve destinar uma das vagas ao Senado em sua chapa à
deputada Eliziane Gama (PPS-MA), ligada à Assembleia de Deus. A manobra causou
descontentamento do PT, que pleiteava a vaga.
No
dia 15 de março o PRP, que integra a oposição a Dino na Assembleia Legislativa
do Maranhão, protocolou uma notícia de fato junto ao Ministério Público
Eleitoral (MPE) na qual acusa o governador de “abuso do poder eleitoral” por
causa da contratação dos capelães.
Segundo
a denúncia, Dino criou uma “seita política-administrativa-religiosa eleitoral”
com a indicação dos novos capelães para a Polícia Militar e Corpo de Bombeiros
– em um discurso a pastores ele prometeu criar outros 10 cargos para a Polícia
Civil.
Dos
34 novos postos, apenas 10 foram destinados à Igreja Católica. Os outros 24
foram entregues a líderes evangélicos. Os salários, segundo a denúncia
apresentada ao MPE, vão de R$ 6 mil a R$ 21 mil. Entre eles estão religiosos
filiados ao PDT, PTB, PP, PPS e DEM, todos partidos que integram a base aliada
do governo Dino.
Outro
capelão, o pastor major Caetano Jorge Soares, apoiou publicamente a campanha de
Dino em 2014, conforme o portal do PC do B. Já o pastor Venino Aragão de Souza,
da Igreja Universal do Reino de Deus, comanda um programa na TV Difusora,
retransmissora da TV Record no Maranhão.
Demanda. As
nomeações seguem as normas legais e a escolha dos nomes é uma prerrogativa do
governador. Em nota assinada por todos os capelães, o governo justifica as
contratações dizendo que o aumento do efetivo policial fez crescer a demanda
por serviços religiosos nos quartéis.
“Em
decorrência do investimento do atual governo nas corporações militares,
aumentando de forma significativa seu efetivo e, consequentemente, o
crescimento da necessidade de apoio espiritual, pastoral com o objetivo de
resgatar valores sensíveis com a comunidade, com a própria família do policial,
havendo a necessidade do correspondente aumento de oficiais capelães, bem como,
da regionalização dessas capelanias”, afirma a nota.
Durante
a Convenção Estadual das Assembleias de Deus do Maranhão, em dezembro do ano
passado, Dino, que costuma se definir como um “comunista, graças a Deus”, falou
o que pensa sobre a relação entre política e religião.
“Nós
garantimos um princípio muito especial, o princípio do estado laico. O estado
laico não é um estado antirreligioso, há às vezes uma confusão em relação a
isso. O estado laico é aquele cujo governante não protege uma Igreja em
particular. Para ser laico de verdade, um estado abrange, acolhe e estimula
todas as Igrejas. E isso nós temos feito”, disse.
Em
outra frente, Dino tenta integrar os evangélicos na composição de sua chapa. A
deputada Eliziane Gama (PPS-MA), ligada à Assembleia de Deus, maior denominação
neopentecostal do Brasil, deve ficar com uma das vagas para a disputa pelo
Senado.
A
escolha irritou o PT, um dos principais aliados de Dino. Eliziane votou a favor
do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff e tentou convocar o
ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva para depor na CPI da Petrobrás. Além
disso, o PT quer indicar o ex-secretário de Esportes e Lazer do
Maranhão Márcio Jardim para a vaga.
Dino justifica a escolha dizendo que o PT já está
representado em seu governo e agora precisa ampliar sua aliança.
Por: Ricardo Galhardo - Enviado Especial, O Estado de S. Paulo
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