quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Índios tentam invadir o Planalto e são contidos com gás de pimenta



Índios e seguranças do Palácio do Planalto entram em confronto Foto: Ailton de Freitas / O Globo
Índios e seguranças do Palácio do Planalto entram em confronto
Ailton de Freitas / O Globo


BRASÍLIA – Índios que participam da Conferência Nacional de Saúde Indígena tentaram invadir o Palácio do Planalto na manhã desta quarta-feira. Eles derrubaram uma barreira de contenção, chegaram até a metade da rampa e, ao serem contidos por seguranças que usaram gás de pimenta, reagiram com pauladas.

Após muita confusão, os cerca de 1.000 manifestantes de várias etnias, que protestam contra decretos e portarias que alterariam as regras para a demarcação de terras indígenas, deixaram o Planalto. Eles se dividiram em dois grupos, que seguiram para o Ministério da Justiça e para o Congresso Nacional, onde a segurança foi reforçada pela PM. Durante a manifestação, o trânsito em vários trechos da Esplanada dos Ministérios chegou a ser bloqueado.

À Agência Brasil, uma das coordenadoras da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara, disse que o movimento teve acesso à cópia da minuta de uma portaria que o ministério estaria elaborando, com mudanças nos procedimentos legais necessários ao reconhecimento e à demarcação de terras indígenas. Segundo ela, a portaria tem como objetivo tornar oficial a proposta do governo federal de que outros órgãos governamentais, além da Fundação Nacional do Índio (Funai), sejam consultados sobre os processos demarcatórios em curso.

 A proposta foi apresentada pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, ainda no primeiro semestre deste ano, com a justificativa de minimizar conflitos entre índios e produtores rurais.
— A gente entende que a minuta servirá só para dificultar ainda mais o processo de identificação e demarcação de terras. O governo federal e o Congresso Nacional estão aliados para atacar e diminuir os direitos indígenas, principalmente os territoriais, favorecendo o agronegócio e o latifúndio — declarou Sônia, destacando que grupo quer ouvir o ministro José Eduardo Cardozo sobre o assunto. — O efeito da demora na demarcação de novas terras indígenas é tensionar ainda mais a situação.

 O governo e o ministro pensam que estão mediando, apaziguando as tensões, mas os conflitos só vêm aumentando.
Representantes do Ministério da Justiça estão negociando com os líderes do protesto e, segundo a assessoria do ministro José Eduardo Cardozo, ele pretende receber uma delegação indígena para discutir o tema.

Os índios também cobram a apuração de crimes contra os povos indígenas, como o assassinato do cacique Ambrósio Vilhalba, da Aldeia Guarani-Kaiowá Guyraroká, em Cristalina (MS). Vilhalba foi encontrado morto nesta segunda-feira. A Polícia Civil deteve dois suspeitos e investiga se a morte foi consequência de rixas entre o cacique e outras lideranças da aldeia.

— O governo deve deixar de promessas e cumprir o que prometeu para nós. Hoje você vê o povo indígena lá em Mato Grosso do Sul sendo assassinado por fazendeiros, por grandes pecuaristas, que querem tomar a terra do índio. Queremos demarcação de terras urgente. Não dá mais para aguentar. Também queremos direito à saúde e à educação. E respeito ao povo indígena — disse o índio kinikinau, de Mato Grosso do Sul, Nicolau Flores, à Agência Brasil.

Fonte/ o Globo



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