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sábado, 10 de junho de 2017

Temer é absolvido em julgamento tenso no TSE e mantém mandato presidencial


                     Plenário do TSE

Por quatro votos a três, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) absolveu nesta sexta-feira a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer de acusações de irregularidades na campanha de 2014, afastando temporariamente o risco de uma nova troca na Presidência da República.

A decisão dá fôlego a Temer num momento em que o presidente enfrenta turbulências causadas pelas delações da JBS e ameaças de deserção de partidos aliados. O Ministério Público Federal pode recorrer da sentença.

A maioria da corte decidiu que não havia provas suficientes para condenar Temer e removê-lo do cargo, contrapondo-se à posição do Ministério Público e do relator da ação, Herman Benjamin. A decisão também deve livrar Dilma do risco de ficar inelegível.

Além de Benjamin, votaram pela cassação da chapa os ministros Luiz Fux e Rosa Weber. Já os ministros Gilmar Mendes, Tarcísio Vieira, Admar Gonzaga e Napoleão Maia decidiram pela absolvição.

A votação chegou ter placar de três a três e foi desempatada por Gilmar, o presidente da corte.
Em nota, Temer afirmou ter recebido a decisão do TSE como "sinal de que as instituições nacionais continuam a garantir o bom funcionamento da democracia brasileira". Disse ainda que o Judiciário "se manifestou de modo independente" e que "prevaleceu a justiça, de forma plena e absoluta."

             Michel Temer, em cerimônia nesta sexta-feira

"Como chefe do Executivo, o presidente da República seguirá, em parceria com o Congresso Nacional, honrando seu compromisso de trabalhar para que o Brasil retorne ao caminho do desenvolvimento e do crescimento, com mais oportunidades para todos", disse.
Exclusão da Odebrecht

Desde que o processo que pedia a cassação da chapa foi retomado pelo TSE, na terça-feira, a maioria dos ministros indicava que votaria contra a tese do relator e rejeitaria provas colhidas em depoimentos de executivos da Odebrecht e dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura.

Esses depoimentos eram considerados os mais comprometedores para a chapa, mas a maioria dos ministros avaliou que eles não poderiam ser usados no processo por extrapolarem o escopo inicial da ação.

             Herman Benjamin e Rosa Weber
                                        
Com a exclusão, abriu-se o caminho jurídico para a absolvição de Dilma e Temer. O relator Herman Benjamin insistiu para que as provas fossem aceitas. 
Ao encerrar seu voto, referindo-se aos depoimentos da Odebrecht, disse que não seria "coveiro de prova viva". "Posso até participar do velório, mas não carrego o caixão", afirmou.
Conflito de interesses

O julgamento teve um momento tenso, quando, após o intervalo para o almoço, o vice-procurador Nicolau Dino pediu que o ministro Admar Gonzaga fosse impedido de julgar o caso por ter advogado para a chapa Dilma-Temer em 2010.

O presidente da Corte, Gilmar Mendes, expôs indignação com o pedido de Dino.
"É preciso que o Ministério Público assuma o seu papel e respeite o tribunal. Não se pode agir coagindo o tribunal", afirmou Gilmar.


BBC

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