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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Novo planeta pode ser o mais parecido com a Terra já encontrado

 
 

Ilustração mostra como pode ser o Kepler-186f, potencialmente o planeta extrassolar mais parecido com a Terra descoberto até agora
Foto: Danielle Futselaar

 
RIO – Astrônomos anunciaram nesta quinta-feira a confirmação da existência de um novo planeta extrassolar que pode ser o mais parecido com a Terra já encontrado. Batizado Kepler-186f, o planeta é o quinto e mais afastado descoberto na órbita da estrela anã Kepler-186, a cerca de 500 anos-luz de distância, numa posição dentro da sua chamada “zona habitável”, na qual não está nem perto nem longe demais, e, portanto, não seria nem quente nem frio demais de forma a permitir a existência de água líquida na sua superfície. Além disso, análises indicam que ele tem apenas 1,1 vez o raio da Terra, fazendo dele o com o tamanho mais próximo do nosso planeta já encontrado nesta privilegiada posição.
 
- Algumas pessoas chama estes de “planetas habitáveis”, o que, claro, não temos ideia se de fato são – diz Stephen Kane, astrônomo da Universidade Estadual de San Francisco e líder da equipe internacional responsável pela descoberta, publicada na edição desta semana da revista “Science”. - Nós simplesmente sabemos que eles estão dentro da zona habitável, e que este é o melhor lugar para começar a procurar por planetas habitáveis.

O Kepler-186f foi descoberto com base nas observações do telescópio espacial Kepler, da Nasa, que entre 2009 e 2013 ficou permanentemente focado em uma pequena região do céu entre as constelações de Lira e Cygnus (Cisne) apinhada com cerca de 150 mil estrelas. Equipado com um fotômetro hipersensível, o Kepler era capaz de detectar as ínfimas variações no brilho destas estrelas provocadas pelo chamado “trânsito” dos planetas, isto é, quando eles passavam em frente às estrelas de seu ponto de vista, e assim inferir sua existência. om isso, os cientistas podem calcular não só o tamanho como o período orbital e a distância que os planetas orbitam a estrela.
 
O método do trânsito, no entanto, não fornece aos astrônomos dados relativos à densidade e à massa dos planetas, fundamentais para saber se são rochosos, como a Terra, ou gasosos, como os gigantes Júpiter, Saturno, Urano e Netuno em nosso Sistema Solar. Kane, porém, destaca que se pode especular que ele seria de fato rochoso a partir de informações existentes sobre outros planetas extrassolares com tamanho similar.
 
- Aprendemos nos últimos anos que a uma transição definida que ocorre por volta de 1,5 vez o raio da Terra – conta. - O que acontece é que entre 1,5 e 2 vezes o raio da Terra, o planeta se torna maciço o suficiente para começar a acumular uma grossa atmosfera de hidrogênio e hélio, e assim começar a ficar mais parecido com os gigantes gasosos de nosso Sistema Solar do que com os que consideramos “planetas terrestres”. Assim, há uma grande chance de que ele (o Kepler-186f ) tenha uma superfície rochosa como a da Terra.
 
O Kepler-186f parece estar orbitando sua estrela bem no limite externo da zona habitável, o que significa que a eventual água líquida que exista em sua superfície pode estar próxima do ponto de congelamento. Por outro lado, como o planeta é um pouco maior que a Terra, ele também pode ter uma atmosfera um pouco mais densa, o que provocaria um efeito estufa um pouco mais forte que o faria quente o bastante para manter esta água líquida, ressalta Kane, para quem as diferenças do Kepler-186f do nosso planeta são tão fascinantes quanto suas prováveis semelhanças.
 
- Sempre estamos procurando por planetas análogos da Terra, isto é, um planeta parecido com a Terra na zona habitável de uma estrela parecida com o Sol, mas aqui a situação é um pouco diferente, pois sua estrela é bem diferentes de nosso Sol.
 
A Kepler-186 é uma estrela do tipo conhecido como anã M, muito menor e mais fria que nosso Sol. Estas estrelas são as mais comuns na Via Láctea e exibem características que as fazem as mais promissoras para procurar por via além do Sistema Solar.
 
- Estrelas pequenas, por exemplo, vivem muito mais do que estrelas maiores, o que significa que há um período de tempo muito maior para a evolução biológica e as reações bioquímicas acontecerem em sua superfície – lembra Kane.
 
Por outro lado, estas estrelas pequenas também tendem a ser muito mais ativas do que estrelas com o tamanho do Sol, produzindo mais erupções e potencialmente lançando mais tempestades de radiação sobre a superfície dos planetas em torno delas.
 
- Mas a diversidade destes planetas extrassolares é uma das coisas mais excitantes neste campo de pequisas – considera Kane. - Estamos tentando entender o quão comum é nosso Sistema Solar, e quanto mais diversidade observamos, mais isso nos ajuda a responder esta questão.


Fonte/O Globo

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