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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Vendas de carros zero Km recuam 1,2% de janeiro a agosto, na primeira queda em nove anos


Cristiano Salgado espera uma melhora nos preços e nas condições para comprar um carro zero: “Com essa depreciação e os juros, a gente perde dos dois lados”
Foto: Guillermo Giansanti / Agência O Globo
Cristiano Salgado espera uma melhora nos preços e nas condições para comprar um carro zero: “Com essa depreciação e os juros, a gente perde dos dois lados” Guillermo Giansanti / Agência O Globo


SÃO PAULO E RIO - A indústria automobilística registrou no mês passado a primeira queda no volume acumulado de emplacamentos de veículos após nove anos de crescimento. Entre janeiro e agosto, foram emplacadas 2.470.437 unidades, 1,2% inferior aos 2.501.192 veículos que saíram das concessionárias de todo o país no mesmo período de 2012, ou 30.655 automóveis e comerciais leves a menos.

 Na comparação entre agosto 2013 e o mesmo mês de 2012, a queda foi bem maior: 21,6%. Mas, agosto de 2012 foi atípico, com vendas recordes diante da perspectiva de fim de benefícios fiscais. Entre as causas apontadas pelos especialistas para essa mudança do quadro nos últimos meses estão as manifestações políticas que paralisaram as vendas, a alta dos juros, o maior endividamento das famílias e o novo patamar do câmbio, que vai acabar chegando aos preços dos carros.


— Por enquanto, essa queda (das vendas) não é alarmante, mas é um alerta que acendeu o sinal amarelo. É preciso ter cuidado — frisou André Beer, veterano do setor, ex-vice-presidente da General Motors (GM) e que hoje presta consultoria a empresas da área automobilística.


Em agosto do ano passado as montadoras viveram um momento atípico, com 420,1 mil unidades vendidas, um recorde na história da indústria automobilística brasileira, relexo direto da ameaça do fim do IPI zero, que gerou uma corrida dos consumidores às concessionárias. Mas o benefício acabou sendo prorrogado até dezembro de 2012. Mas, desde abril e maio deste ano, quando as vendas acumuladas registraram altas pouco acima de 8%, os percentuais de avanço vem caindo: em julho o aumento dos emplacamentos foi de só 2,6% e, agora, houve queda de 1,2%.


Mesmo assim, empresários ligados ao setor ainda esperam uma reversão no quadro, com o volume de emplacamentos no acumulado do ano voltando ao positivo já em setembro. Porém, já é consenso entre eles que percentuais robustos de crescimento como dos últimos anos não devem se repetir tão cedo.


— Esse modelo de crescimento da economia baseado no consumo já se esgotou e vai acabar se refletindo no desempenho da indústria automobilística — avaliou o economista Arthur Berrionuevo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Financiamento com taxa zero

Mas o presidente da Anfavea (associação que reúne as montadoras), Luiz Moan, mantém a expectativa de novo recorde nas vendas de veículos neste ano. Em evento da SAE Brasil sobre inovação tecnológica e tendências globais, ele disse ter “convicção” de que o mercado vai superar neste ano os 3,8 milhões de veículos emplacados no ano passado. Apesar do otimismo, o mercado espera uma revisão para baixo das expectativas de alta para as vendas este ano, projetadas entre 3,5% a 4,5%.

— A indústria não vai chegar ao número de 3,8 milhões de veículos vendidos este ano como quer a Anfavea — disse Luiz Carlos Augusto, diretor da DDG Automotive e especialista na área.
Com números semelhantes, a Fenabrave, entidade que reúne as distribuidoras de veículos no país, apontou queda de 3,46% na comparação entre agosto e julho, e de menos 1,87% no acumulado de janeiro a agosto contra o mesmo período de 2012. Para Flavio Meneghetti, presidente da Fenabrave, apesar da queda, o setor deve fechar o ano com crescimento de cerca de 1,53%.

O coreógrafo Cristiano Salgado, 35 anos, foi ontem a três concessionárias de diferentes montadoras para pesquisar preços e condições de pagamento, mas ainda não decidiu comprar um carro zero. Acha que tanto os preços quanto as condições de pagamento precisam melhorar.

— Por mais que digam que têm taxas baixas, num carro de R$ 40 mil financiado, por exemplo, chega a custar R$ 20 mil a mais no preço final, é 50%. E não troquei de carro também por causa da depreciação, que é muito alta. Meu carro, que comprei por R$ 45 mil em 2009, hoje na agência me ofereceram R$ 13 mil. Com essa depreciação e os juros, a gente perde dos dois lados, é o valor de um carro popular. Por isso, por enquanto, de zero quilômetro só comprei uma moto esportiva para passear nos fins de semana — contou.
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Segundo Fernando Bassoto, vendedor da Barrafor da Mariz e Barros, na Tijuca, o New Fiesta 2014 está puxando as vendas. O modelo completo, inclusive com freios ABS e Air Bag e motor 1.5, era vendido ontem a R$ 39.900, com financiamento em 24 meses e taxa de juros de 0,99% para quem desse 50% de entrada.

 Mas a melhor oferta da loja era o Fiesta 1.0, com ar, direção, vidros elétricos, cujo preço baixou de R$ 31.900 para R$ 29.900 com parcelamento em 24 vezes com juros zero, para quem der entrada de 50%. A mesma condição de financiamento também é oferecida para o Focus 1.6, que sai a R$ 52.900, no modelo que além de ar, direção e trava, tem também air bags e freios ABS.

Fonte/O Globo
Colaborou Nice de Paula

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